Título Original: A Tale For The Tume Being



Páginas: 416


Autor: Ruth Ozeki


Editora: Leya / Casa da Palavra


Tempo de leitura:  Um Semana


Nota: 4 /5








Votei para escolher a capa desse livro, fiquei super entusiasmada com a leitura. E não me arrependi.

O que acontece quando um diário perdida encontra o leitor certo? Numa remota ilha do Canadá, a escritora Ruth cata mariscos com o marido na praia quando se depara com um saco plástico coberto de cracas que envolve uma lancheira da Hello Kitty. Dentro, encontra um livro de Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido, e se surpreende ao descobrir que o miolo, na verdade, é o diário de uma menina japonesa, Não. A sacola misteriosa, segundo os rumores dos habitantes, é mais um dos destroços do último tsunami que devastou o Japão e foi levado pelas correntezas até a ilha.

Desde então, Ruth é tragada pela história do diário de Nao, uma menina que, para escapar de uma realidade de sofrimento – de bullying dos colegas e de um pai desempregado e suicida –, resolve passar seus últimos dias lendo as cartas do bisavô, um falecido piloto camicase da Segunda Guerra Mundial, e contando sobre a vida da avó, uma monja budista de 104 anos.

O que Ruth não esperava era que o diário iria levá-la a uma viagem onde ela e Não podem finalmente se encontrar fora do tempo e do espaço.

Quando eu comecei a ler esse livro tive a impressão de que ele era longo demais para a história que abordava. Obviamente acabei me enganando. O livro te suga para dentro da história, é tudo envolvente e contagiante.

O enredo começa quanto Ruth, uma romancista, encontra em uma ilha do Canadá um saco de lixo. A principio ela acha que pode ser algo ruim, mas quando abre o saco encontra uma lancheira da Hello Kitty. Então ela encontra o livro "Em Busca do Tempo Perdido" e embora ela goste de ler nunca havia lido tal livro. Ao abrir ela descobre que é um diário.

Tudo já começa profundo, como a maioria dos ensinamentos japoneses são. Ela questiona o leitor sobre conhecer a si mesmo e diz o que é "ser-tempo" que eu não sabia o que era, o livro simplesmente me mostrou.

"Um ser tempo é alguém que existe no tempo, e isso quer dizer você, e eu, e todos nós que estamos aqui, ou já estivemos, ou que um dia estarão"

O engraçado é que o livro não narra apenas Ruth, Naoko ( agarota do diário) também conta sua história, o livro inteiro vai se alternando com a narração delas e as vezes é até um pouco confuso, exceto pelo fato de que Naoko narra em primeira pessoa e Ruth em terceiro.

Naoki vai contar a história da sua vida e principalmente da sua avó que é uma monja budista de 104 anos. Achei ruim que o livro tem várias palavras do dialeto japonês, e algumas delas faz você ter que ficar lendo o rodapé, como li por e-book ficava horrível.

Naoki ou Nao chama avó de Jiko. Ela conta sobre como a avó gosta de ouvir histórias do mundo moderno e de como as coisas mudaram com o passar dos anos.  A autora capitou a essência de uma garota escrevendo, é realmente como ler um diário. Não parece que é um livro sobre um garota com um diário, e sim que a garota cedeu material para a história.

O fato de seu diário ser nas páginas brancas do livro "Em Busca do Tempo Perdido" não tem um significado em especial, na verdade foi tudo um grande acaso do destino. O livro é sentimentalista e real.

As palavras descritas são tocantes, é quase como se reviéssemos alguns momentos da Segunda Guerra Mundial, livros que retratam a história tendem a ser chatos mas, não com esse. Ele é um lembrete, um pouco ficcional sobre acontecimentos reais e de grande importância mundial.

Para o ser-tempo, palavras se espalham... Seriam folhas caídas?

Nao conta com tanto amor a história da avó que chega a ser cativante, embora tenha horas em que a personagem fala de mais e torna tudo muito maçante, é o momento em que somos obrigados a pausar a leitura. Não é um livro que lemos e não conseguimos parar, embora a narração seja gostosa as vezes temos que parar e respirar.

O mais recompensador em ler esse livro é que conhecemos muitas coisas da cultura japonesa. Não tenho o costume de ler livros que contem histórias sobre o mundo, sobre acontecimentos mundiais. E conhecer sobre o Japão, foi uma experiencia recompensadora.

O engraçado é como o livro conta a história de alguém que ninguém conhece, uma pessoa comum com uma vida magnifica. É o que Ruth, a romancista, pensa ao ter o diário em suas mãos. A história de Jiko dever ser contada, para o mundo saber que pessoas como ela existem.

O livro é fantástico, uma história comum porém com um brilho escondido. A autora foi fantástica em cada uma das palavras e embora ele tenha partes em que são incrivelmente intragáveis e literalmente chatas. O livro tem uma qualidade e história que nunca li em nenhum outro. 

Recomendo a leitura e embarquem nesse livro perfeito.

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